Aumenta a violência
contra usuários de trens metropolitanos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Aumenta
na sociedade como um todo.
No caso de trens e
metrôs, porém, há um aspecto que vem sendo negligenciado, e que merece ser
trazido à luz do conhecimento de ferroviários, metroviários e principalmente de
usuários.
Quem é responsável pela
segurança dos usuários desde o momento que passam pelas catracas de uma estação
até saírem do sistema pelas catracas de outra?
Resposta clara e
inequívoca: as operadoras – CPTM, SuperVia, Metrô SP e Metrô Rio.
A segurança é um
quesito inerente ao contrato de transporte. O usuário não paga apenas para ir
de um lugar a outro, mas igualmente para ir e chegar com segurança.
Não existe, portanto,
essa história de identificar o agressor, como se ele fosse o responsável pela
agressão. Ele é perante as autoridades policiais, mas não perante os direitos
do usuário agredido. A responsabilidade pela segurança do usuário é da
operadora, e ela responde por eventuais agressões sofridas pelos usuários
dentro do sistema. Direito de
consumidor, e fim de conversa. Isso
também é verdadeiro em caso de falhas e de acidentes. Ele não paga conviver com
falhas, acidentes e nem com agressões.
É igual quando vamos a
um cinema, supermercado, banco ou restaurante. Qualquer coisa que aconteça
conosco dentro desses estabelecimentos, é de responsabilidade do cinema,
supermercado, banco ou restaurante.
Por que os sistemas de
segurança adotados pelas operadoras não funcionam? Por que prevalece a
mentalidade patrimonialista. Câmeras de vigilância e seguranças próprios e
terceirizados estão a serviço da proteção do patrimônio das operadoras, e não
dos usuários. Para que servem as câmeras nas estações e trens se não são monitoradas
em tempo real, e com “olhar” para a segurança dos usuários? Servem para que?
Para que seja possível identificar disfunções a posteriori?
Pedir para o usuário
fazer uso de seu celular para denunciar irregularidades? Isso expõe o usuário a
risco, além de ser ridículo pretender que ele saiba o número do carro e a nome
da próxima estação. Ele pagou para viajar em segurança, e não para exercer
função de segurança.
Incrível que em tempo
de tantas tecnologias nada exista que possa efetivamente assegurar a segurança
do usuário, e no momento que tal segurança se faça necessária. Preventiva,
sempre que possível.
Se não houver uma
mudança de mentalidade nas pessoas que “pensam” a segurança de trens e metrôs,
e a situação ficará cada vez pior.
Interessante que sobre
isso não se manifesta promotor público, políticos, e menos ainda a nossa
brilhante imprensa.
Para nós, ferroviários
e metroviários, isso precisa ficar claro. Não podemos fazer parte desse jogo,
dentre outros motivos porque seremos dele também vítimas. A nossa integridade,
bem como a de nossos usuários, é o bem maior a ser preservado.