domingo, 22 de dezembro de 2013

Feliz Natal e próspero Ano Novo a todos os ferroviários. Próspero Ano Novo?

Véspera de 2014. Os ferroviários estão envolvidos com festejos de Natal, feriado prolongado, comemoração da passagem de ano, verão, férias escolares, etc. Como se costuma dizer, o Brasil só recomeça depois do Carnaval. Bem, isso é verdadeiro para nós, os mortais, pois forças poderosas movem-se mesmo durante esse período em que tudo parece estacionado. Parece, apenas, pois o tempo não para, e nem forças.

Animados com a publicação do Acórdão - produto dos esforços da categoria em torno da liderança do Sindicato da Sorocabana (quando sob o cuidado do SINFERP) e da Central do Brasil (sob o cuidado dos diretores de São Paulo) - fazem da notícia da publicação uma espécie de presente de final de ano.  

Não é ainda nenhum presente, pois falta a CPTM cumprir o seu teor e convertê-lo em conquista material para os ferroviários, seja espontaneamente para concluir a desgastante negociação deste ano, seja por ações que os dois sindicatos diretamente envolvidos precisam adotar para obriga-la ao cumprimento. Quanto aos sindicatos de São Paulo e dos Engenheiros nada resta-lhes fazer, senão torcer para que eventual ação suspensiva da CPTM em Brasília contra o Acórdão tenha sucesso, de modo a cantar de galo sobre o acordo tapetão que assinaram neste ano, e que foi empurrado a seco pela garganta dos ferroviários.

Para quem tem memória curta, é importante lembrar que o SINFERP, por procuração da Sorocabana, e por deliberação de assembleia, não participou da negociação do presente ano, por não aceitar: 1) que a CPTM escolhesse quem seriam os interlocutores dos sindicatos; 2) por ela insistir que a negociação fosse realizada dentro de dependências da empresa e 3) por determinar – e sem negociação – calendário e número de rodadas. Sindicatos de São Paulo e dos Engenheiros aceitaram o jogo e Sindicato da Central, por seus diretores de São Paulo, não assinaram o pratinho feito que a CPTM apresentou a todos eles, fora da mesa, e que São Paulo e Engenheiros fizeram de conta ser proposta dos ferroviários. Para aprovar a proposta da empresa, o Sindicato de São Paulo, e de forma inédita, substituiu assembleias pelo que chamou de “pesquisa”, à qual os ferroviários respondiam por escrito nos postos de trabalho, inclusive na presença de chefias.

Foi diante do impasse entre os que assinaram (São Paulo e Engenheiros) e os que não assinaram (Sorocabana pelas ações do SINFERP e Central pelas ações de seus diretores de São Paulo) que as mobilizações tiveram início. Diante delas a dupla São Paulo-Engenheiros apareceu com novas “conquistas” e, de acordo com eles, pelo simples gesto do envio de um ofício ao presidente da CPTM. “Conquistas”, naturalmente, que não surgiriam sem as mobilizações dos sindicatos e dos ferroviários que não se conformaram e não se renderam à mise-en-scène armada em uma padaria.

Enquanto a dupla São Paulo-Engenheiros “conquistava”, Sorocabana (por meio do SINFERP) e Central (pelos diretores paulistas) se esforçavam pela continuidade: Sorocabana para abrir a negociação, e Central para reabrir, provocando a  CPTM para comparecer em local neutro – DRT-SP. A CPTM não compareceu em nenhuma das duas convocações. Finalmente greve, TRT, e o Acórdão agora finalmente publicado. Mas, e dai? O que farão os sindicatos e os ferroviários para obrigar CPTM a cumprir o seu teor?

Estamos por entrar em nova negociação sem que a anterior tenha sido encerrada, e isso é preocupante. As forças não são mais as mesmas. A dupla São Paulo-Engenheiros é a mesma, verdade, e capaz de inventar assembleia por facebook ou por correspondência. Afinal, Engenheiros devem fazer parte da mesma mesa em 2014? Pode um sindicato cujo número de representados cabe em uma Kombi, ser pela CPTM computado como “um dos quatro”, e dar a ele o mesmo peso decisório dos demais? Bem, o sindicato de São Paulo aceita o “parceiro” na mesa, evidentemente. Mas, e sindicatos da Central do Brasil e Sorocabana (o último sob nova direção, sem nenhum diretor de base da CPTM, e sem a menor ideia do que seja CPTM e seus meandros, pois a representação sempre foi feita pelo SINFERP)?

Irá a CPTM novamente contratar os serviços do Dr. Príncipe, pois seus gestores não são capazes de negociar diretamente com pelo menos um ou outro sindicato, ou diante de um cenário mais docilizado mudará seus próprios representantes? Sabemos que Eluiz estará à frente da negociação. Mas, e Central e Sorocabana? A Central estará representada por seus diretores paulistas ou virão desconhecidos do Rio de Janeiro? E a Sorocabana? Qual de seus diretores sentar-se-á a mesa para defender os interesses de uma categoria e de uma empresa que desconhece? Ou será que, imitando a CPTM, contratará um negociador de fora? Irá terceirizar a negociação?

Como cada sindicato formará a sua pauta de reivindicações? Ou será que se apresentarão com uma pauta única? Como isso será feito, em qualquer das hipóteses? As cláusulas serão debatidas em assembleias presenciais, ou por e-mails ou facebook? Quem vai ficar do lado de quem? Ou estarão todos juntos em nome de uma pretensa “unidade”?

As circunstâncias conspiram para o anúncio da tal “unidade”. Com uma oposição no calcanhar, Eluiz precisa de “ganhos” que possam amenizar o maior ato venal conhecido na história negocial da CPTM.  Engenheiros também precisam de “ganhos” que melhorem a imagem, pois, na defesa de seus representados, vendeu a todos os ferroviários em troca de vantagens para os seus. A Sorocabana, agora sob nova direção, precisa criar uma imagem própria na CPTM, pois não tem nenhuma que seja produto de seu próprio esforço. 

A todos, portanto, convém a “unidade”, e com fachada de luta e de combatividade, é claro: discursos inflamados, boletins regados a palavras de ordem, letras garrafais e cores vibrantes. Some-se a isso o fato de 2014 ser ano eleitoral em que o governador visa mais um mandato (sob as luzes do trensalão), o Sr. Bandeira acumular em seu portfolio uma greve por ano nos últimos três anos, e tudo corrobora para a “unidade”.

Ótimo, poderá dizer o ferroviário. Unidade, porém, em torno do que, de quem, e dos interesses de quem? Deles todos (CPTM, PSDB, Sindicatos de São Paulo, Engenheiros e Sorocabana) sem a sobra da dúvida, e cada qual pelos motivos apontados. Exceção, talvez, dos diretores paulistas da Central do Brasil.

“Bom” poderá dizer o ferroviário se o resultado for “positivo” para a categoria. Sim, é verdade, mas a única forma de assegurar esse resultado positivo é SE a categoria PARTICIPAR de todas as fases do processo negocial, desde a elaboração da pauta, passando pelo acompanhamento das rodadas, até a aprovação ou reprovação final do pacote. SE isso não ocorrer o resultado será péssimo, ainda que “positivo”, pois estará instituída a cultura do cheque em branco. Conveniente neste ano de 2014, talvez, mas inconveniente em todos os demais, quando os planetas não estiverem novamente alinhados. O ferroviário poderá ganhar, mas não necessariamente prosperar.

O SINFERP não participará (exceto fato novo) por motivos conhecidos de todos, mas não deixará de acompanhar o andar da carruagem, e de expor suas análises e pontos de vista. Na condição de ÚNICO sindicato de ferroviários a bater publicamente de frente com a CPTM e governo do Estado de São Paulo pelas práticas de desmandos e desrespeitos com usuários e ferroviários, o SINFERP não tem motivo para mudar a sua trajetória, e muito menos para recuar, pois os desmandos perduram. Isso não é negociável.


Feliz Natal a todos os ferroviários. Quanto ao desejo de próspero Ano Novo, melhor esperar para ver se esses votos serão - além de meramente desejados -, transformados em conquista merecida dos verdadeiros ferroviários. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Um encontro de poucas pessoas, mas de imenso valor

A assembleia do SINFERP realizada na noite de ontem, na sede da entidade em Osasco, transformou-se em um proveitoso encontro regado a discussões francas e abertas entre os presentes. Falou quem quis, quando quis e como quis, na liberdade de expressão assegurada na pauta contida no informativo divulgado, e que convidava ferroviários de todas as linhas, assim como dirigentes de todos os sindicatos ferroviários de base.

Quanto aos sindicatos, presentes apenas dois representantes do Sindicato da Central do Brasil de São Paulo – Cavalcanti e Floriano – que lembraram as lutas por eles movidas junto a Éverson Craveiro no decorrer do difícil ano em curso, quando da prolongada negociação do ACT. Diante das medidas adotadas por Izac de Almeida em relação ao SINFERP, e a possibilidade de o SINFERP tornar-se o quarto sindicato ferroviário da base CPTM, Cavalcanti defendeu a necessidade de uma “categoria única”, mais do que a de um sindicato único.

O SINFERP apresentou o projeto maior da entidade, apontando para quatro frentes: o SINFERP Sindical, SINFERP Cidadão, SINFERP Cultural e SINFERP Político, pelo último entendendo as interfaces da entidade com partidos e centrais sindicais, preservando, porém, completa independência em relação a eles.

A nova correlação de forças foi discutida, bem como a necessidade de verdadeira renovação diretiva nos sindicatos de base, além das possibilidades de sucesso das oposições, lembrando que os sindicatos oficiais sustentam-se eleitoralmente pelo grande contingente de associados aposentados. Nessa medida, disse o SINFERP ser “a única entidade que pode ser disputada pelos ativos, pois, sem passivo histórico, não conta com associados aposentados”.

Da pauta anunciada, o SINFERP só não foi capaz de apresentar as suas contas. Isso se deveu ao fato de o tesoureiro do SINFERP - que migrou para apoiar a nova presidência do Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana, junto a outros dois - ter com ele levado toda a documentação contábil do SINFERP e, apesar de solicitada por Éverson, não foi devolvida à entidade nem mesmo para ser apreciada pelos presentes na assembleia.

Apesar de fartamente divulgada a participação foi pequena. Quanto a isso, o SINFERP fica satisfeito por ter feito a sua parte, abrindo espaço para discussão sobre temas de grande relevância para o presente e futuro da categoria, e divulgado o evento por todas as formas que pode. Foi quem quis, participou quem quis, e do jeito que quis.


O SINFERP agradece aos participantes.