Explicação é da CPTM
para o acidente que deixou 9 mortos e 120 feridos na Estação Perus; técnicos da
empresa tiveram de 8 a 9 minutos para
tentar evitar a colisão dos dois trens.
Uma “sucessão de
fatalidades” é a explicação dada pela Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM) para o choque entre trens ocorrido na Estação Perus, zona
oeste de São Paulo, na noite de sexta-feira. O acidente deixou 9 mortos e 120
feridos. Cinco pessoas permaneciam internadas em estado grave, ontem.
Uma sindicância promete
revelar as causas do acidente em 15 dias, segundo o presidente da CPTM, Oliver
Hossepian Salles de Lima. Sabe-se, no entanto, que o trem que colidiu com a
composição que estava parada em Perus percorreu 5,5 quilômetros e demorou de
oito a nove minutos para causar o acidente. Mesmo assim, não foi possível,
segundo a CPTM, evitar a tragédia.
Para o diretor da
Companhia, João Roberto Zaniboni, a primeira questão a ser esclarecida é a
queda da rede de alimentação elétrica no trecho entre Jaraguá e Perus, na Linha
A, que vai do Brás até Francisco Morato, na Grande São Paulo.
A falta de energia foi
constatada às 19h15 e o trem VA-127 permaneceu parado no trecho. Estavam na
composição apenas o maquinista, identificado como Oswaldo, e o auxiliar Celmo
Quintal, um dos mortos no acidente.
Com o tráfego
parcialmente interrompido, a CPTM adotou o Programa de Apoio entre Empresas em
Situação de Emergência (PAESE). Os passageiros estavam sendo transportados de
ônibus no trecho afetado e embarcavam no trem em Perus.
Freios
Ás 21h15, o maquinista
avisou o Centro de Controle Operacional que os dois freios começaram a falhar e
o trem passou a se movimentar. O trecho Jaraguá-Perus é de descida. Oswaldo
desceu do trem e tentou encontrar pedaços de madeira para calçar a composição.
Segundo Zaniboni, a central orientou o maquinista do trem VA-145 – que
aguardava embarque de passageiros em Perus – que saísse do local. “A partir
dali, o trecho inicia uma subida e a composição desgovernada não seguiria
adiante”, explicou Zaniboni.
O maquinista não
conseguiu partir rapidamente porque as portas do trem estavam abertas por causa
do embarque de passageiros. Quando conseguiu condições para partir, a rede
elétrica caiu. “O trem desgovernado derrubou duas vezes a corrente”, diz o
diretor.
Ainda durante o
percurso do trem desgovernado, os técnicos tentaram descarrilar a composição
por meio de chaves nos trilhos. Também não deu certo. A orientação seguinte foi
de retirar os passageiros do trem.
Segundo Zaniboni,
muitos conseguiram sair. A composição, com oito vagões, chegou a estação com
auxiliar a bordo, arrancou a passarela de pedestres arrastando-a por 150 metros
e bateu violentamente no trem parado. O auxiliar de maquinista morreu na hora.
Apenas a perícia poderá
revelar a velocidade alcançada pela composição. Um os vagões foi lançada para
cima e destruiu parte da estação. Muitos passageiros foram atingidos por
tijolos, telhas e pedaços de ferro retorcidos.
Indenização
O presidente da CPTM
garantiu que a companhia vai indenizar todos os feridos e as famílias das
vítimas. “Daremos toda a assistência possível”, declarou. Os valores serão
analisados individualmente.
O Secretário dos
Transportes Metropolitanos do Estado, Cláudio de Senna Frederico, esteve no
local durante a madrugada e disse que muitas são as perguntas e poucas as
respostas. A principal é saber se houve falha humana ou técnica.
Comentário
do SINFERP
Na mesma edição, e sob
o título Para Covas CPTM “nunca teve
tanta qualidade”, o governador, que esteve no local do acidente por volta
das 10h45 do dia 29, garantiu “que o choque não foi provocado por problemas na
linha dos trens, uma vez que toda a via permanente do trecho entre as estações
Jaraguá e Perus e as composições foram trocadas nos últimos meses”.
Depois disso, como de
costume, entrou em cena a operação “abafa”, e não se falou mais nisso. De
qualquer modo, inaugurava-se a blindagem em torno da administração da CPTM.
Empresa modelo, exemplo de qualidade, perfeita, etc. Inaugurava-se também a tendência,
naquele momento ainda tímida, de empurrar as “causas” ao fator humano. Mais
tarde inventaram novos personagens: vândalos e sabotadores.
Em 19 de novembro de
2012 – 12 anos depois do acidente - a CPTM foi condenada a indenizar as vítimas
do acidente, e tudo acabou ai. Ficou o dito pelo não dito.