quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mais um encontro de sucesso no SINFERP



Sugestão alternativa de Kiyoto para a estação de Osasco -
Mezanino subterrâneo
Foi realizado na noite de ontem (08), na sede social do SINFERP, em Presidente Altino – Osasco (SP), o quarto encontro promovido pela Campanha São Paulo TREM Jeito e, a exemplo dos anteriores, mais uma vez foi um sucesso.

Entre os presentes o engenheiro e consultor Plínio Assmann, além de ferroviários, profissionais e estudantes de arquitetura, comunicação social, engenharia, logística, e dirigentes do SINFERP.

Outra sugestão alternativa de Kiyoto para a estação de Osasco -
Linha em vala
Sob o tema “Revisão Crítica das Estações da CPTM” – ministrado pelo arquiteto Marco Kiyoto -, o encontro trouxe questões sobre infraestrutura e o desenvolvimento das estações ferroviárias nas linhas dos trens metropolitanos paulistas, e abordou especialmente a “nova fase” da CPTM.

Kiyoto falou primeiramente do desenvolvimento ferroviário brasileiro. De acordo com ele o país vive dentro de uma cultura “anda-para”, o que traz entravamento, precariedade e escassez para o modal.

“Nosso país não está totalmente estagnado, mas também não consegue atingir o desenvolvimento”, disse Marcos.

Em relação à “nova fase” da CPTM e suas estações – tema principal do encontro -, Marcos falou sobre a busca da empresa, desde 2009, para atingir o que ela própria chama de  “qualidade de metrô”, ou seja, serviços que tragam sensação de segurança, confiabilidade, acessibilidade, capacidade da linha, inserção urbana e relação com o entorno. A expressão “qualidade de metro” foi bastante debatida e ironizada pelos presentes, em especial pelo consultor do SINFERP: “Seria o mesmo que a GOL dizer, em propaganda, que tem a qualidade da TAM”.

“Qual é cara da CPTM? Onde está o planejamento metropolitano? Dentro dessa busca pela “qualidade de metrô”, a qual chama de modernização, a empresa não consegue assumir um modelo de trem metropolitano, negligencia o transporte coletivo, faz construções sem nenhuma definição e não consegue lidar com seu entorno. Realmente, falta identidade”, disse Kiyoto.

Sobre as estações, Marcos fez um breve relato histórico, comparou estilos de estações herdadas das antigas ferrovias (Sorocabana, Santos-Jundiai e Central do Brasil), e mais uma vez citou a falta de identidade da CPTM.

“Comparando as estações vemos o mau aproveitamento dos espaços e a dificuldade de qualificar o espaço urbano. Mesmo com as tais reformas, isso ainda acontece na CPTM. A estação nova de Osasco, por exemplo, embora tenha havido uma ousadia por parte da empresa em questões de infraestrutura, a relação com o entorno é ruim, falta espaço de um lado e sobra muito do outro”, iniciou Marcos.

“Como a empresa é produto de uma fusão eu considere um tanto contraditória, e a meu ver a melhor palavra para caracterizar a CPTM é heterogeneidade. Contraditório, pois fusão busca justamente criar algo único”, declarou Marcos, e finalizou dizendo que “talvez isso possa ser devido a uma questão cultural herdada das extintas ferrovias, porém não dá para justificar que algo de anos atrás esteja presente ainda hoje”.

Kiyoto concluiu, apresentando alguns esboços de projetos criados por ele.

Uma questão de opinião - Plinio Assmann 

Desenvolvimento do transporte ferroviário
Plínio Assmann: “Nosso negócio é trilho, não temos saída, e São Paulo é, sem dúvida, a melhor cidade para esse investimento. A cidade está ficando ineficiente . No passado o metrô foi uma renovação urbana, agora estão surgindo novas ideias”.

Expansão do Metrô e Modernização da CPTM
Plínio Assmann: “Em relação a CPTM buscar uma “qualidade de metrô”, não vejo problema algum. O que realmente acontece é que estamos confundindo a CPTM e o Metrô em termos de mercado. No caso do metrô falta planejamento. Esse crescimento é desproporcional, pois ele é feito para atender a cidade de São Paulo. Não saímos dela. Cada linha tem um limite e estamos no limite. Não dá mais. Cada linha nova atrai aproximadamente um milhão de pessoas, no mínimo. O sistema como um todo tem um limite de dez linhas. Já estamos indo para a sexta linha. Então, uma opção viável para cidade de São Paulo é, onde não couber metrô, implantar o VLT. A CPTM tem como se desenvolver mais, pois é voltada às grandes distâncias”.

Inserção Urbana – CPTM 
Plínio Assmann: “O que não estão sabendo, na CPTM, é fazer a inserção urbana. Apenas a título de exemplo: a CPTM pode investir em modelo existente na Europa, onde dentro, ou no entorno das estações, são feitas lojas de conveniência. Mas aqui temos o costume de copiar o modelo americano, e fazemos diversos supermercados. Porém, para ir até eles, temos que ter automóvel. Não precisa colocar o supermercado ao lado da estação. Basta fazer loja de conveniência. Isso é algo que o metrô não irá fazer mais, mas a CPTM pode.”

Por Camila Mendes