Sugestão alternativa de Kiyoto para a estação de Osasco - Mezanino subterrâneo |
Entre os presentes o engenheiro e consultor Plínio Assmann, além de ferroviários, profissionais e estudantes de arquitetura, comunicação social, engenharia, logística, e dirigentes do SINFERP.
Outra sugestão alternativa de Kiyoto para a estação de Osasco - Linha em vala |
Kiyoto falou primeiramente do desenvolvimento ferroviário brasileiro. De acordo com ele o país vive dentro de uma cultura “anda-para”, o que traz entravamento, precariedade e escassez para o modal.
“Nosso país não está totalmente estagnado, mas também não consegue atingir o desenvolvimento”, disse Marcos.
Em relação à “nova fase” da CPTM e suas estações – tema principal do encontro -, Marcos falou sobre a busca da empresa, desde 2009, para atingir o que ela própria chama de “qualidade de metrô”, ou seja, serviços que tragam sensação de segurança, confiabilidade, acessibilidade, capacidade da linha, inserção urbana e relação com o entorno. A expressão “qualidade de metro” foi bastante debatida e ironizada pelos presentes, em especial pelo consultor do SINFERP: “Seria o mesmo que a GOL dizer, em propaganda, que tem a qualidade da TAM”.
“Qual é cara da CPTM? Onde está o planejamento metropolitano? Dentro dessa busca pela “qualidade de metrô”, a qual chama de modernização, a empresa não consegue assumir um modelo de trem metropolitano, negligencia o transporte coletivo, faz construções sem nenhuma definição e não consegue lidar com seu entorno. Realmente, falta identidade”, disse Kiyoto.
Sobre as estações, Marcos fez um breve relato histórico, comparou estilos de estações herdadas das antigas ferrovias (Sorocabana, Santos-Jundiai e Central do Brasil), e mais uma vez citou a falta de identidade da CPTM.
“Comparando as estações vemos o mau aproveitamento dos espaços e a dificuldade de qualificar o espaço urbano. Mesmo com as tais reformas, isso ainda acontece na CPTM. A estação nova de Osasco, por exemplo, embora tenha havido uma ousadia por parte da empresa em questões de infraestrutura, a relação com o entorno é ruim, falta espaço de um lado e sobra muito do outro”, iniciou Marcos.
“Como a empresa é produto de uma fusão eu considere um tanto contraditória, e a meu ver a melhor palavra para caracterizar a CPTM é heterogeneidade. Contraditório, pois fusão busca justamente criar algo único”, declarou Marcos, e finalizou dizendo que “talvez isso possa ser devido a uma questão cultural herdada das extintas ferrovias, porém não dá para justificar que algo de anos atrás esteja presente ainda hoje”.
Uma questão de opinião - Plinio Assmann
Desenvolvimento do transporte ferroviário
Plínio Assmann: “Nosso negócio é trilho, não temos saída, e São Paulo é, sem dúvida, a melhor cidade para esse investimento. A cidade está ficando ineficiente . No passado o metrô foi uma renovação urbana, agora estão surgindo novas ideias”.
Expansão do Metrô e Modernização da CPTM
Plínio Assmann: “Em relação a CPTM buscar uma “qualidade de metrô”, não vejo problema algum. O que realmente acontece é que estamos confundindo a CPTM e o Metrô em termos de mercado. No caso do metrô falta planejamento. Esse crescimento é desproporcional, pois ele é feito para atender a cidade de São Paulo. Não saímos dela. Cada linha tem um limite e estamos no limite. Não dá mais. Cada linha nova atrai aproximadamente um milhão de pessoas, no mínimo. O sistema como um todo tem um limite de dez linhas. Já estamos indo para a sexta linha. Então, uma opção viável para cidade de São Paulo é, onde não couber metrô, implantar o VLT. A CPTM tem como se desenvolver mais, pois é voltada às grandes distâncias”.
Inserção Urbana – CPTM
Plínio Assmann: “O que não estão sabendo, na CPTM, é fazer a inserção urbana. Apenas a título de exemplo: a CPTM pode investir em modelo existente na Europa, onde dentro, ou no entorno das estações, são feitas lojas de conveniência. Mas aqui temos o costume de copiar o modelo americano, e fazemos diversos supermercados. Porém, para ir até eles, temos que ter automóvel. Não precisa colocar o supermercado ao lado da estação. Basta fazer loja de conveniência. Isso é algo que o metrô não irá fazer mais, mas a CPTM pode.”
Por Camila Mendes
Por Camila Mendes