Para os que apostaram que o clima
eleitoral de 2014 poderia beneficiar as conquistas dos ferroviários nas
negociações em curso, a pulga deve estar atrás da orelha, exceto se vigorar o
conceito que, apenas por conta das eleições, tais conquistas virão graciosamente
em troca do silêncio dos sindicatos e, como consequência, da categoria.
Não é necessário muito esforço
para observar que esse conceito tem norteado, de forma proposital ou não, o lento andar da carruagem imposto
pelos sindicatos – os “condutores”. Basta fazer uma visita às mídias dos três
sindicatos para constatar.
No site do Sindicato de São Paulo
a manchete é o sorteio de vaga na colônia de férias para o Carnaval. No da Central,
a manchete ainda é o resultado do efeito suspensivo. No da Sorocabana a
manchete são ataques pessoais a Éverson Craveiro e, depois de o visitante
passar obrigatoriamente por eles, surge, secundariamente, algo de interesse da
categoria: uma reunião entre sindicato e CPTM, em 14 deste mês na sede da
empresa.
A situação não se altera em
praticamente nada quando se visita as páginas do facebook desses mesmos
sindicatos. Ataques pessoais, reprodução
das pautas, assuntos secundário ou mesmo terciários, etc. Se alguém não acredita, basta perder alguns minutos e visitar
tais mídias, ao menos no dia e hora desta publicação.
Panfletagens? Boletins? Quando há
- e onde há -, apenas ataques pessoais e reprodução das pautas, e é assim que
os ferroviários estão sendo informados e “liderados” para encarar mais uma
negociação coletiva. O Sindicato da
Sorocabana tem por foco principal promover ataques pessoais contra Éverson Craveiro
(até mesmo por meio da investida de bate-paus eletrônicos nas mídias do
SINFERP), e os demais fazem cara de paisagem.
São Paulo e o Brasil acompanham de
perto as denúncias contra o que se resolveu chamar de trensalão e
propinoduto. Eles, nada. Nem mesmo uma
linha, e quando existe essa linha, sem a posição deles, sindicatos, como se
ferroviários nada tivessem a ver com isso. Como se direção da CPTM e atual
governo do Estado de São Paulo não fossem os “patrões” contra os quais esses
sindicatos deveriam se “opor” para defender os interesses de seus representados,
e como se não tivéssemos, todos, motivos de sobra para isso para ter CPTM e governo como adversários de "classe".
Artigos de diretores? Nem pensar.
Nada. Os ferroviários não têm a menor ideia de quem sejam e do que pensam.
Novos tempos, os movimentos das
ruas chegam aos trens, quebra-quebra, pancadarias que podem “sobrar” para os
ferroviários, e eles nada. Nem mesmo uma linha.
A empresa demite dirigentes
sindicais, e eles nada. Bem, o da Sorocabana se manifesta, mas contra a
reintegração de um desses dirigentes demitidos. Não fosse um escândalo, até que
seria gozado. No sindicato de São Paulo, é claro, não há dirigentes demitidos
em suas fileiras. No da Central dois de
seus líderes foram para a rua, e o sindicato nada. Nem uma linha.
A empresa continua perseguindo,
vigiando, pressionando, demitindo, e eles nada. Nem mesmo uma linha. Ao
contrário, agora vemos sindicato plantando black blocs eletrônicos (sempre
mascarados, é claro) nas redes sociais dos ferroviários, com o objetivo de
desviar a atenção das negociações, e de plantar um clima de terror que inibe e
faz recuar os que se expressam. Como se não bastasse os olheiros e
desmobilizadores plantados pela CPTM, também nas redes sociais dos
ferroviários, embora conhecidos, pois identificados - meno male..
São Paulo e Central também
participarão da reunião do dia 14 na sede da CPTM? Não se sabe. Nem mesmo
uma linha.
Reina silencio e ataques pessoas,
mas apenas isso. Isso é tudo que a categoria sabe, e é sob essa “direção” das “lideranças”
que vai ela entrar nas negociações de 2014.
“Deus dará”, dizem os otimistas.
Talvez. Porém, como indaga o “malandro”, em música de Chico Buarque, “ e se Deus
não dá, como é que vai ficar?”
Começamos mal, muito mal... Os
ferroviários estão sem norte, conduzidos para um rumo incerto em meio a nevoeiro, e que talvez não leve ao porto de destino, para cuja missão eles, ferroviários, confiaram a esses "lideres" o leme de um barco chamado Negociação Coletiva.
Três hipóteses: 1) esses
sindicatos sabem de coisas que os ferroviários não sabem: 2) estão a deriva, e
completamente perdidos; 3) dois sabem de coisas que os ferroviários não sabem,
e um está completamente perdido. Ou vice versa?