sábado, 8 de fevereiro de 2014

Ferroviários começam mal as negociações de 2014

Para os que apostaram que o clima eleitoral de 2014 poderia beneficiar as conquistas dos ferroviários nas negociações em curso, a pulga deve estar atrás da orelha, exceto se vigorar o conceito que, apenas por conta das eleições, tais conquistas virão graciosamente em troca do silêncio dos sindicatos e, como consequência, da categoria.

Não é necessário muito esforço para observar que esse conceito tem norteado, de forma proposital ou não, o lento andar da carruagem imposto pelos sindicatos – os “condutores”. Basta fazer uma visita às mídias dos três sindicatos para constatar.

No site do Sindicato de São Paulo a manchete é o sorteio de vaga na colônia de férias para o Carnaval. No da Central, a manchete ainda é o resultado do efeito suspensivo. No da Sorocabana a manchete são ataques pessoais a Éverson Craveiro e, depois de o visitante passar obrigatoriamente por eles, surge, secundariamente, algo de interesse da categoria: uma reunião entre sindicato e CPTM, em 14 deste mês na sede da empresa.

A situação não se altera em praticamente nada quando se visita as páginas do facebook desses mesmos sindicatos.  Ataques pessoais, reprodução das pautas, assuntos secundário ou mesmo terciários, etc. Se alguém não acredita, basta perder alguns minutos e visitar tais mídias, ao menos no dia e hora desta publicação.

Panfletagens? Boletins? Quando há - e onde há -, apenas ataques pessoais e reprodução das pautas, e é assim que os ferroviários estão sendo informados e “liderados” para encarar mais uma negociação coletiva.  O Sindicato da Sorocabana tem por foco principal promover ataques pessoais contra Éverson Craveiro (até mesmo por meio da investida de bate-paus eletrônicos nas mídias do SINFERP), e os demais fazem cara de paisagem.

São Paulo e o Brasil acompanham de perto as denúncias contra o que se resolveu chamar de trensalão e propinoduto.  Eles, nada. Nem mesmo uma linha, e quando existe essa linha, sem a posição deles, sindicatos, como se ferroviários nada tivessem a ver com isso. Como se direção da CPTM e atual governo do Estado de São Paulo não fossem os “patrões” contra os quais esses sindicatos deveriam se “opor” para defender os interesses de seus representados, e como se não tivéssemos, todos, motivos de sobra para isso para ter CPTM e governo como adversários de "classe".

Artigos de diretores? Nem pensar. Nada. Os ferroviários não têm a menor ideia de quem sejam e do que pensam.

Novos tempos, os movimentos das ruas chegam aos trens, quebra-quebra, pancadarias que podem “sobrar” para os ferroviários, e eles nada. Nem mesmo uma linha.

A empresa demite dirigentes sindicais, e eles nada. Bem, o da Sorocabana se manifesta, mas contra a reintegração de um desses dirigentes demitidos. Não fosse um escândalo, até que seria gozado. No sindicato de São Paulo, é claro, não há dirigentes demitidos em suas fileiras.  No da Central dois de seus líderes foram para a rua, e o sindicato nada. Nem uma linha.

A empresa continua perseguindo, vigiando, pressionando, demitindo, e eles nada. Nem mesmo uma linha. Ao contrário, agora vemos sindicato plantando black blocs eletrônicos (sempre mascarados, é claro) nas redes sociais dos ferroviários, com o objetivo de desviar a atenção das negociações, e de plantar um clima de terror que inibe e faz recuar os que se expressam. Como se não bastasse os olheiros e desmobilizadores plantados pela CPTM, também nas redes sociais dos ferroviários, embora conhecidos, pois identificados - meno male..

São Paulo e Central também participarão da reunião do dia 14 na sede da CPTM? Não se sabe. Nem mesmo uma linha.

Reina silencio e ataques pessoas, mas apenas isso. Isso é tudo que a categoria sabe, e é sob essa “direção” das “lideranças” que vai ela entrar nas negociações de 2014.

“Deus dará”, dizem os otimistas. Talvez. Porém, como indaga o “malandro”, em música de Chico Buarque, “ e se Deus não dá, como é que vai ficar?”

Começamos mal, muito mal... Os ferroviários estão sem norte, conduzidos para um rumo incerto em meio a nevoeiro, e que talvez não leve ao porto de destino, para cuja missão eles, ferroviários, confiaram a esses "lideres" o leme de um barco chamado Negociação Coletiva.


Três hipóteses: 1) esses sindicatos sabem de coisas que os ferroviários não sabem: 2) estão a deriva, e completamente perdidos; 3) dois sabem de coisas que os ferroviários não sabem, e um está completamente perdido. Ou vice versa?