quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A CPTM que queremos e necessitamos.


Que o Metrô é melhor do que a CPTM, creio ser opinião unânime. Tal evidência está à vista de qualquer pessoa que viaje por uma e pela outra empresa. Ambas transportam pessoas sobre trilhos, em espaços metropolitanos, e têm o mesmo “dono” – o governo do Estado de São Paulo. Como pode?

Dizem que isso se deve ao fato da CPTM ter herdado uma infraestrutura antiga, etc. Dizem, também, que herdou culturas organizacionais antigas e conflitivas entre si.

Talvez, mas não herdou ontem.  Isso aconteceu em 1992, há 20 anos. Suas linhas, porém, são muito anteriores. Reduziram, inclusive, depois da criação da CPTM. As condições de infraestrutura e material rodante das atuais linhas 8 e 9 da CPTM, a época da FEPASA, em 1986, eram proporcionalmente melhores do que hoje.

O Metrô entrou em operação em 1974, há 38 anos.  Dizem que, nessa medida, o Metrô é “novo”, nasceu do “zero” e, portanto, sem “herança”.

Verdade, em certa medida, mas também verdade, em outra, que nasceu com outra mentalidade e, o que é mais importante, se mantém na mesma mentalidade desde o nascimento: excelência na gestão da tecnologia, da qualidade, da segurança e do atendimento. São nos reflexos práticos dessa mentalidade que qualquer um de nós pode perceber as diferenças quando viaja em trens da CPTM e do Metrô.

A CPTM tem renovado a sua frota, é verdade, mas praticamente apenas isso. A mentalidade não é renovada. Exemplo disso está nas “modernizações” das estações. São as mesmas, mesmo quando refeitas, isto é, quando da oportunidade de fazer diferente, melhoradas nos quesitos da tecnologia, ambiente, paisagismo, qualidade, segurança, atendimento, etc.

Nas do Metrô, é possível observar cuidados com esses aspectos até mesmo nas pioneiras, nas antigas, motivo de, muitas vezes, servirem de modelo para as novas, as recentes.

Passou da hora de renovar a mentalidade dominante na CPTM. Poderia ao menos imitar o Metrô em alguns procedimentos simples e baratos, tais como a adoção de sinalizações e demais medidas de trânsito interno nas estações e plataformas, e que tão bem disciplinam e melhoram substancialmente a segurança e mobilidade dos usuários.

Não precisa nem mesmo criar. Basta copiar, pois os usuários dos dois sistemas comparam, notam que pagam o mesmo preço por serviços diferentes, e principalmente que os cuidados e carinhos são muito diferentes.

Em boa medida, são nessas diferenças que reside o motivo das depredações quando de falhas na CPTM, diferente do que acontece com falhas no Metrô. Não justifica, logicamente, mas explica. Afinal, ambientes diferentes, cuidados diferentes, e reações diferentes.

Além da própria diferença de mentalidade na gestão, o Metrô conta com medidas que a CPTM nem mesmo esboça adotar: a integração da ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, isto é, gestão da qualidade, gestão ambiental e gestão de segurança e saúde ocupacional.

Tais medidas, na CPTM, fariam dela outra empresa aos olhos dos ferroviários, mas principalmente dos seus sofridos usuários.

Por Éverson Paulo dos Santos Craveiro – Presidente do SINFERP