segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Eleições na capital paulista: outro bonde perdido?



Confesso que imaginava ver a questão do transporte e mobilidade no centro das discussões dos candidatos que postulam o cargo de prefeito da cidade de São Paulo.  Bem verdade que a metrópole tem problemas em vários setores da vida social – saúde, educação, etc. -, mas não creio ser exagero afirmar que transporte e mobilidade são de ordem crônica e emergencial.

Por razões a serem compreendidas, porém, os candidatos repetem o “varejinho” de costume, mas ao largo de discussões maiores, que poderiam dar ao eleitor ao menos a “sensação” de que algum deles sabe o que vai fazer quando na administração da grande cidade. Não estamos diante de uma disputa de estadistas.

Andam de trem e metrô para conquistar votos. Na onda politicamente correta, pedalam por alguns pontos centrais que permitam visibilidade eleitoral, mas tudo para por ai.

Serra diz que vai ampliar a rede de transporte sobre trilhos (trem, metrô e monotrilho), mas com aval do governador. Haddad diz o mesmo, mas com aval da presidente. Chalita diz contar com aval do governador e da presidente. Russomano afirma não ter padrinho, mas pouco ou nada fala sobre transporte de pessoas sobre trilhos.

Resumindo: nenhum deles demonstra a menor disposição para  investir dinheiro dos paulistanos em alguns metros de trilhos. Na rotineira mesmice, falam todos em corredores de ônibus, modelo absolutamente esgotado nas grandes cidades, inclusive em Curitiba, tomada como modelo, mas que hoje discute como migrar para os trilhos.

Na igual mesmice, giram em torno de trens, metrô e monotrilho. A nenhum deles ocorre a possibilidade de VLT, a construção de novas estações de metrô e de trens metropolitanos nos limites do município de São Paulo, ou mesmo na reformatação das estações existentes como condição de melhoria de acessibilidade e/ou de outros serviços.

Resta concluir que trilhos não são problemas deles. São de responsabilidade direta do governo do estado ou da união. Não são.

Mesmo que fossem, seria legítimo esperar de prefeito da maior cidade do país que tivesse ao menos “ideia” sobre eles. Não há ideias. Não se fala nem mesmo em um quilômetro de linha de bonde com apelo turístico. Não se fala em trilhos.

Nessa medida, o trânsito, o transporte e a mobilidade na cidade de São Paulo ficarão do jeito que estão. Um corredor de ônibus aqui, uma nova avenida ali, mas perseverando na mesma matriz, e que todos eles criticam quando não estão na iminência de assumir o comando da capital paulista.

Para os ferroviários – e no que diz respeito ao transporte de pessoas -, esta eleição parece ser, até o momento, uma oportunidade perdida. Mais uma, para dizer a verdade.

Quem sabe em 2014.

Por Éverson Paulo dos Santos Craveiro