quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Mais uma eleição paulistana, e sem trilhos



A campanha eleitoral na cidade de São Paulo segue pelos caminhos previstos – e faz tempo – pelo São Paulo TREM Jeito: disputa para saber qual dos candidatos construirá mais quilômetros de corredores de ônibus.  Serra fala em trens, metrô e monotrilho, mas contando com o dinheiro do governo do Estado. Ora, com esse dinheiro todos eles podem contar, uma vez que investir em transportes metropolitanos sobre trilhos será a alavanca eleitoral do PSDB para conquistar votos em 2014. Com exceção de Serra, apenas o homem do aerotrem reclamando autoria do monotrilho, mas, a jugar pelos números das pesquisas, não conta. VLT nenhum deles parece ter a menor ideia do que seja.

Sendo assim, está claro que tudo ficará do jeito que está. Com alguns novos apelos e que são até bonitinhos, tais como ciclovias, motovias, faixa para automóveis com mais de uma pessoa, pedágio urbano, e alguns outros penduricalhos interessantes para que reine a impressão de que alguma coisa está sendo feita, mas sem resultados significativos.

Ao que parece Serra não leva a taça e, se isso confirmar, o próximo prefeito somará aos paulistanos na grita contra a demora do governo do Estado para resolver o problema de mobilidade urbana. Parece que Russomano leva, mas sem que tenhamos a menor ideia do que pensa para os transportes. Certamente que as voltas com os pneus.

Não será desta vez, portanto, que vamos viver em uma metrópole com melhor qualidade do ar, com mais espaços para pedestres e menos para pneus, menos tensa e menos ruidosa. Teremos mais ruas, avenidas, túneis, viadutos, e mais postes nas poucas, estreitas e desniveladas calçadas. Mais campanhas educativas e mais medidas demagógicas proliferarão, transferindo culpa e responsabilidades para os paulistanos. Mais multas, mais acidentes e o sufoco crescente nos trens e metrôs. Serão pelo menos mais dois anos de mesmice, e no que ela tem de pior.

Empreiteiros e empresários de ônibus vão deitar e rolar, como de costume. A especulação imobiliária vai correr solta, como de praxe, e a gente vai se ajeitando como pode.

Haddad foi o único a apresentar um projeto maior, mas todo ele em torno de asfalto e pneus. Mesmo assim tirou do ar o projeto depois de curto espaço de tempo. Nem mesmo ele, que diz contar com dinheiro do governo federal, apostou nos trilhos com esse dinheiro anunciado como certo.  

O fato é que todo mundo fala em transporte coletivo, mas ninguém quer correr o risco de perder o voto do transporte individual.

Está faltando a todos eles estatura de um estadista, e a nós estatura de eleitores que sabem do que realmente a grande cidade precisa para vivermos melhor.

Quem sabe em 2014...

Rogério Centofanti – Consultor do SINFERP