Uma das principais preocupações
da categoria discutidas em reuniões no Sindicato e na CIPA são as normas de
segurança que se referem à execução de obras e serviços ao longo da via - em especial aos trabalhadores de manutenção
corretiva. Tal preocupação não é para menos, afinal, em apenas sete meses foram
registradas seis mortes por atropelamento na via permanente, quatro delas de
ferroviários experientes.
No inicio deste ano em Barueri,
um trem de passageiros atingiu todo equipamento da equipe de manutenção que
fazia a troca de dormentes na via. Por mera sorte, ninguém se feriu.
Nosso Sindicato conversou com
alguns trabalhadores que atuam na manutenção da via permanente e de maneira
unânime, todos disseram que não sentem nenhuma segurança para execução do
trabalho.
De acordo com eles, além de uma
comunicação precária, falta mão de obra e materiais para a execução do serviço.
A revisão das normas já foi
solicitada pela CIPA ao DRHS da CPTM. Em resposta, a empresa pediu que os
problemas encontrados fossem pontuados - um a um, para que assim possam estudar
a possibilidade de uma revisão.
Vamos conferir alguns pontos
previamente apontados por estes trabalhadores que, podem servir de subsidio ao
inicio de um estudo com o objetivo de auxiliar na revisão.
Manutenção Corretiva
Autorização de Acesso – Será que é confiável?
Para o técnico entrar na via é
necessário a aprovação do Centro de Controle Operacional – CCO, mediante análise
das condições operacionais de momento e certificação da mobilização de todas as
equipes envolvidas na execução do serviço, afinal, ele é o principal
responsável pelo controle da circulação de trens e veículos ferroviários.
Claro que não haveria problemas
em autorizar uma equipe de técnicos entrarem na via, se não houvesse tantas falhas
sistêmicas, como por exemplo, o sumiço de trens no painel sinóptico do
controlador – denunciado pelo nosso Sindicato.
Quando o
trem “some” da tela, controladores do CCO e maquinistas dependem – à distância,
e apenas por rádio – uns dos outros. E muitas vezes o controlador não tem condições
de avisar todos os trens.
O trabalho de intervenção – Está faltando mão de obra.
Para realizar os trabalhos de
manutenção na via, o técnico tem como obrigação iniciar pela sinalização do
trecho com placas e/ou bandeiras de advertência e sinalizadores portáteis. No
caso de serviços ao longo da via que necessite cautela, no decorrer do período
de trabalho, dois sinaleiros com apitos apropriados que devem ficar a 450
metros à frente do local e 450 metros atrás do local onde está sendo realizada
a intervenção.
De acordo com os entrevistados, atualmente
as intervenções na via são feitas por dois trabalhadores, o que dificulta na
hora de executar o trabalho, pois, para cumprir todas as determinações da norma
seriam necessárias no mínimo uma equipe de oito pessoas. Uma matemática
simples, afinal enquanto quatro içam as placas de redução de velocidade, dois
sinalizam com bandeiras e apitos, e dois iniciam a manutenção do trecho. Vale lembrar que nem sempre se sabe o local
exato do defeito, portanto, pessoas auxiliando na sinalização diminuem os
riscos de acidentes.
A falta de equipamentos
A norma pede a todos os
envolvidos no atendimento de falhas em região de tráfego que, além de adotar uma
proteção coletiva, use também um sinalizador portátil. Porém, esse sinalizador
necessita de um suporte que, segundo os trabalhadores não é fornecido pela
empresa, tornando inviável o seu uso, afinal, em duas pessoas não é possível segurar
o sinalizador, içar as placas e corrigir o defeito na via.
Por Camila Mendes
Se você também trabalha na manutenção da via permanente e quer contribuir com alguma sugestão envie um e-mail para : imprensa@sinferp.org.br