quinta-feira, 28 de junho de 2012

CPTM oculta morte de terceirizado

Sindicato acusa empresa de esconder atropelamento de funcionário. Este ano, 7 morreram em acidentes 

Sete funcionários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) morreram nos últimos seis meses e o caso mais recente, o atropelamento do ajudante Michel Barbosa Ferreira da Silva, de 20 anos, foi abafado pela empresa. A acusação é do Sinferp (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias em Transporte de Passageiros da Zona Sorocabana).

Silva morreu no trecho entre as estações Baltazar Fidélis e Francisco Morato, na Linha 7-Rubi, em 23 de maio, quando ocorria a greve dos funcionários da CPTM. Em 6 de junho, o Sindicato dos Ferroviários colocou em seu blog uma denúncia afirmando ter buscado informações junto à CPTM sobre a morte, mas a empresa teria negado a ocorrência. O sindicato procurou o DIÁRIO em 14 de junho informando o atropelamento. Contatada no mesmo dia, a assessoria da CPTM afirmou desconhecer o acidente.
Nesta quarta-feira, procurada novamente, a CPTM informou por meio de nota que a culpa do atropelamento foi do trabalhador. “O colaborador desrespeitou as normas de segurança e, sem qualquer comunicação prévia ao Centro de Controle Operacional, atravessou a cerquite (rede de segurança utilizada em obras para delimitação de área de trabalho) e entrou na via férrea, sendo atingindo  por uma composição que seguia no sentido Francisco Morato”, afirma a nota.
Silva era contratado do consórcio ICS, formado pelas empresas Iesa, Consbem e Serveng. A CPTM informou que vai acompanhar uma sindicância aberta pelo consórcio, mas não comentou na nota o motivo de não ter divulgado anteriormente a morte de Silva.
“A culpa é sempre do morto e  vai começar o empurra-empurra entre o Consórcio e a CPTM. A responsabilidade é da CPTM”, disse Rogério Centofanti, consultor do Sinferp. Se a segurança e supervisão da CPTM estivessem lá,  isso não teria acontecido”, afirmou.
Fonte: Diário de São Paulo - Fabio Pagotto 

Comentário do sindicato:

Impecável a matéria do jornalista Fábio Pagotto, do Diário de São Paulo, pois retrata fielmente os caminhos na busca de informações. Quer dizer, então, que o morto é responsável pela própria morte, pois não comunicou previamente ao CCO?  Vamos ver: um trabalhador braçal de via tem meios para se comunicar com o Centro de Controle Operacional da CPTM? Só pode ser piada. Onde estavam os responsáveis pela segurança do trabalho ou algum supervisor (afinal, não tem "super visão"?) para impedir que ele, jovem de idade e de empresa, terceirizado, sem nenhuma experiência com ferrovias, entrasse na linha? Foi a mesma história com os outros cinco que morreram recentemente em dois acidentes - acabaram sendo responsabilizados pela própria morte. Esse novo episódio de um mesmo filme - e de terror - vai ficar distante da atenção de autoridades da Segurança Pública, do Ministério Público, dos Deputados Estaduais, e do próprio governo do Estado de São Paulo?