quarta-feira, 13 de junho de 2012

Ferroviários de via permanente temem pela vida e pedem revisão das normas de segurança


Uma das principais preocupações da categoria discutidas em reuniões no Sindicato e na CIPA são as normas de segurança que se referem à execução de obras e serviços ao longo da via -  em especial aos trabalhadores de manutenção corretiva. Tal preocupação não é para menos, afinal, em apenas sete meses foram registradas seis mortes por atropelamento na via permanente, quatro delas de ferroviários experientes.

No inicio deste ano em Barueri, um trem de passageiros atingiu todo equipamento da equipe de manutenção que fazia a troca de dormentes na via. Por mera sorte, ninguém se feriu.

Nosso Sindicato conversou com alguns trabalhadores que atuam na manutenção da via permanente e de maneira unânime, todos disseram que não sentem nenhuma segurança para execução do trabalho.

De acordo com eles, além de uma comunicação precária, falta mão de obra e materiais para a execução do serviço.

A revisão das normas já foi solicitada pela CIPA ao DRHS da CPTM. Em resposta, a empresa pediu que os problemas encontrados fossem pontuados - um a um, para que assim possam estudar a possibilidade de uma revisão.

Vamos conferir alguns pontos previamente apontados por estes trabalhadores que, podem servir de subsidio ao inicio de um estudo com o objetivo de auxiliar na revisão.

Manutenção Corretiva

Autorização de Acesso – Será que é confiável?

Para o técnico entrar na via é necessário a aprovação do Centro de Controle Operacional – CCO, mediante análise das condições operacionais de momento e certificação da mobilização de todas as equipes envolvidas na execução do serviço, afinal, ele é o principal responsável pelo controle da circulação de trens e veículos ferroviários.

Claro que não haveria problemas em autorizar uma equipe de técnicos entrarem na via, se não houvesse tantas falhas sistêmicas, como por exemplo, o sumiço de trens no painel sinóptico do controlador – denunciado pelo nosso Sindicato.

Quando o trem “some” da tela, controladores do CCO e maquinistas dependem – à distância, e apenas por rádio – uns dos outros. E muitas vezes o controlador não tem condições de avisar todos os trens.

O trabalho de intervenção – Está faltando mão de obra.

Para realizar os trabalhos de manutenção na via, o técnico tem como obrigação iniciar pela sinalização do trecho com placas e/ou bandeiras de advertência e sinalizadores portáteis. No caso de serviços ao longo da via que necessite cautela, no decorrer do período de trabalho, dois sinaleiros com apitos apropriados que devem ficar a 450 metros à frente do local e 450 metros atrás do local onde está sendo realizada a intervenção.

De acordo com os entrevistados, atualmente as intervenções na via são feitas por dois trabalhadores, o que dificulta na hora de executar o trabalho, pois, para cumprir todas as determinações da norma seriam necessárias no mínimo uma equipe de oito pessoas. Uma matemática simples, afinal enquanto quatro içam as placas de redução de velocidade, dois sinalizam com bandeiras e apitos, e dois iniciam a manutenção do trecho.  Vale lembrar que nem sempre se sabe o local exato do defeito, portanto, pessoas auxiliando na sinalização diminuem os riscos de acidentes.

A falta de equipamentos

A norma pede a todos os envolvidos no atendimento de falhas em região de tráfego que, além de adotar uma proteção coletiva, use também um sinalizador portátil. Porém, esse sinalizador necessita de um suporte que, segundo os trabalhadores não é fornecido pela empresa, tornando inviável o seu uso, afinal, em duas pessoas não é possível segurar o sinalizador, içar as placas e corrigir o defeito na via.  

Por Camila Mendes 


Se você também trabalha na manutenção da via permanente e quer contribuir com alguma sugestão envie um  e-mail  para : imprensa@sinferp.org.br