A Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital instaurou, nesta quarta-feira, procedimento preparatório de inquérito civil para investigar os recentes acidentes com trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
O objetivo é avaliar se os acidentes ocorreram por falha humana - causa apontada pela CPTM para o evento ocorrido nesta quarta-feira, na linha 7 - Rubi - , ou se aconteceram falhas técnicas, de sinalização ou de treinamento de pessoal.
A Promotoria já solicitou à CPTM informações sobre o histórico dos acidentes com trens da companhia ocorridos nos últimos seis meses. As informações solicitadas deverão ser remetidas do Ministério Público no prazo de 20 dias.
Colisão de trens
Uma colisão entre dois trens na região da Vila Clarice, no noroeste de São Paulo deixou 38 pessoas ficaram feridas. A colisão ocorreu por volta das 9h, na Estação Vila Clarice, no sentido Jundiaí - Estação da Luz. Segundo a CPTM, um trem de manutenção bateu na traseira de uma composição que levava passageiros.
O secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM), Jurandir Fernandes, disse que existe a hipótese de falha humana. "Isso será investigado", declarou Fernandes. A linha ficou bloqueada no sentido Estação da Luz e foi liberada no fim da manhã.
No dia 27 de janeiro, outra colisão entre trens deixou três pessoas feridas. Um trem da CPTM que trafegava pela Linha 8-Diamante, em direção à estação Júlio Prestes, bateu em outra composição que realizava manobras. A colisão foi entre as estações Itapevi e Engenheiro Cardoso.
Terra – 16/02/2012
Comentário do sindicato:
Pena que os investigadores, certamente serão leigos, vão cair nas conversas supostamente técnicas dos gestores da CPTM.
Ora, todas as falhas são humanas, mas em dimensão que vai além dos acidentes em si. A compra de um equipamento inadequado é uma falha humana. A compra de equipamento incompatível com outros é falha humana. A existência de equipamentos que não funcionam adequadamente é falha humana. Manutenção mal feita é falha humana. Canibalizar um trem para que sirva de estoque de peças para outro é falha humana. A aquisição de equipamentos de segurança que deixam margem para falhas humanas é uma falha humana.
O tal “sistema” da CPTM – que gestores da empresa e secretário dos Transportes Metropolitanos tentam apontar como sinônimo de perfeição (de onde a corrida para o apontamento de falhas humanas) – assemelha-se a um queijo suíço cheio de buracos. São esses muitos buracos que geram os a
Os trens novos, mas apenas os trens, circulam nas mesmas vias junto aos velhos, com sistemas de sinalização e comunicação assemelhados a uma colcha de retalhos.
A ordem para maquinistas e pessoal de manutenção da CPTM (o que dizer dos terceirizados) é fazer o “sistema” rodar, isto é, por trens para circulação de modo a cumprir os intervalos cada vez menores entre eles.
A CPTM não passaria nos quesitos de aprovação de uma certificadora independente para a questão de segurança de ferroviários e usuários. Seria reprovada por qualquer auditoria técnica composta por profissionais autônomos e independentes.
Ela continua sendo – no gênero – a maior e melhor do país pelo fato das demais serem piores, muito piores. Poderia, entretanto, ser a maior e melhor do país por seus próprios méritos.