quinta-feira, 8 de março de 2012

Eleições São Paulo 2012: FERNANDO HADDAD participa de enquete do sindicato

Fernando Haddad 
O Sindicato dos Ferroviários de Trens de Passageiros da Sorocabana está se adiantando as eleições municipais em São Paulo, em 2012, abrindo espaço para que os eventuais pré-candidatos dos vários partidos manifestem opiniões sobre algumas perguntas que formulamos em comum a todos.

Nosso objetivo maior é promover o debate sobre a questão do transporte de pessoas sobre trilhos na cidade de São Paulo, antes das propagandas eleitorais.

Até o momento, enviamos as mesmas perguntas às assessorias ou secretárias dos seguintes eventuais pré-candidatos:  Paulo Maluf (03/11/2011), Carlos Gianazzi (12/12/2011 e 14/02/2012), Soninha Francine (14/02/2012), Gabriel Chalita (14/02/2012), Andrea Matarazzo (13/02/2012), Paulo Pereira da Silva (13/02/2012), José Serra (16/02/2012) e  Celso Russomano (14/02/2012 e 16/02/2012)

Bruno Covas (PSDB) foi o primeiro a atender nosso convite (parece, entretanto, que está fora da disputa, mas ainda assim merecedor de nossos agradecimentos).

Fernando Haddad (PT) é o segundo a atender nosso convite.

Sinferp: Desde a erradicação dos bondes, nos idos da década de 50 do século passado, a cidade de São Paulo nunca mais fez uso de trilhos como meio de transporte público de pessoas, exceto os operados e mantidos pela CPTM e pelo Metrô, empresas administradas pelo Governo do Estado. Por que o município mais rico do país não investe em transporte de pessoas sobre trilhos?

Fernando Haddad: Para resolver os grandes problemas de mobilidade o investimento em transporte de massas é fundamental. Foi um erro, primeiro, conceder nossas ferrovias por dezenas de anos para o transporte de carga sem a contrapartida do transporte de passageiros. Depois abandonar e sucatear uma grande malha ferroviária que passa em boa parte pelo centro da nossa cidade. Ao mesmo tempo os investimentos na expansão do metrô não acompanharam o crescimento da cidade, nem mesmo o ritmo de cidades metropolitanas com as mesmas características de São Paulo. A malha do metrô cresce lentamente, apenas dois quilômetros por ano, o que é muito pouco. Nesse ritmo, o governo estadual levará 65 anos para alcançar o tamanho do metrô da cidade do México, cuja rede tem hoje 200 km.

Sinferp: Ainda que de forma difusa, onde lhe ocorre, na cidade de São Paulo, o emprego de transporte de pessoas sobre trilhos (trem, metrô, monotrilho, Vlt ou aeromóvel) como meio para desafogar o tráfego de veículos automotivos, e reduzir os níveis de poluição sonora e do ar?

Fernando Haddad: Em toda cidade cabe um projeto de melhoria da infraestrutura de transporte coletivo que deve ser implantado de acordo com a demanda atual e de estudos de demandas futuras, o que impacta diretamente na viabilidade tecnológica escolhida. A cidade precisa disso. Às vezes nem é necessário instalar novos sistemas, mas reconfigurá-los para se adaptarem a necessidades que muitas vezes são ignoradas. O cidadão muitas vezes é obrigado a pegar um transporte até o centro para conseguir outro transporte para um bairro vizinho, pois não há uma linha que o atenda. Isso sobrecarrega o sistema de transporte público sem necessidade. O desafio é deixar o sistema inteligente. O emprego do VLT e bondes magnéticos, monotrilhos etc., pode ser uma alternativa viável para oferecer transporte com conforto e rapidez.

Sinferp: Fosse prefeito, faria tais investimentos com recursos do município (ainda que na forma de PPPs) ou apenas cobraria ações do governo do Estado, como tem sido prática da maioria dos prefeitos nas últimas décadas?

Fernando Haddad: Precisamos expandir e modernizar o serviço de transporte público para que acompanhe o crescimento da cidade e as exigências de qualidade de vida e ambiental. Além da receita própria que permite ao município investir mais no setor, existem também os recursos do PAC Mobilidade, do governo federal, que podem ser trazidos para São Paulo. Atualmente, toda a infraestrutura atual de transporte público coletivo só consegue atender 37% das necessidades das viagens diárias. É preciso, no mínimo, dobrar o mais rápido possível o sistema para incluir quem não consegue utilizá-lo.