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O dado consta do Observatório do Emprego, do governo de São Paulo, e se refere ao mercado de trabalho da capital. Especialistas dizem que essa é a tendência na maioria dos setores e que será mantida em período de desaceleração.
Trabalhadores recém-contratados estão recebendo em média 4% menos do que o profissional que antes ocupava a sua vaga na cidade de São Paulo. Essa tendência tende a se manter nos próximos meses, segundo dados do Observatório do Emprego, do governo estadual.
A média salarial de um trabalhador desligado em julho foi de R$ 1.295,16. Já o novo contratado recebeu R$ 1.239,92, em média. Nas áreas em que isso é realidade o procedimento é considerado reflexo da desaceleração da economia.
O economista e técnico da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho, Cesar Henrique Concone, observa que o mercado de trabalho menos aquecido desfavorece o trabalhador. A diferença chega a 12% para um administrador. Neste segmento, o funcionário demitido tem média salarial de R$ 4.706,73 ante R$ 4.139,52 do novo contratado.
Ainda existem setores onde a situação desfavorável não se configura, onde geralmente falta de mão de obra qualificada e há disputa pelo funcionário com experiência. Um engenheiro em computação recebe R$ 7.107,41 no novo emprego, por exemplo. Já o demitido tinha um salário um pouco menor: R$ 6.997,36.
“Onde a disputa pelo profissional qualificado está acirrada, as empresas elevam os salários para evitar perder funcionários rapidamente ou conquistar um novo profissional de ponta”, pontua Luiz Edmundo Rosa, diretor nacional de educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).
Em boa parte dos casos, o desfavorecimento do novo contratado ocorre porque alguns funcionários que saem da empresa são mais experientes em comparação com os novos contratados. Segundo Rosa, alguns deixam a empresa para se aposentar, situação que também puxa a média salarial dos desligados para cima.
Outro fator de influência é que grande parte das empresas paga menos durante o período de experiência na expectativa se o trabalhador vai render o esperado ou não. Ao passar o prazo, a empresa pode elevar o salário como forma de motivação.
Para a coordenadora do Centro de Carreiras da pós-graduação da ESPM e diretora do site Vida e Carreira, Adriana Gomes, a diferença salarial também pode ser explicada porque algumas empresas precisam investir no treinamento do contratado, que, em muitos casos, não está no mesmo patamar do profissional desligado.
“Às vezes a empresa precisa investir em formação, além de ter uma margem para poder oferecer um reajuste mais para frente”, opina. Em outros casos, a empresa pode aproveitar o momento de contratação para reajustar os salários considerados inflacionados.
Momento de avaliação
Mesmo sabendo que o funcionário anterior ganhava mais, o novo contratado precisa avaliar bem sua situação antes de reivindicar um salário maior que o oferecido, já que o mercado de trabalho desacelerou em comparação com o ano passado. Conseguir um novo emprego não é mais tão fácil.
A recomendação da Adriana Gomes é para o trabalhador avaliar se a empresa se enquadra no seu perfil para desenvolver um plano de carreira e se faz investimentos em treinamento e desenvolvimento. “É preciso esperar um tempo para pedir aumento e evitar o risco de ficar sem emprego.”
Antes de negociar o salário oferecido, o trabalhador precisa fazer uma avaliação pessoal, se realmente ele merece ganhar mais. Ele deve levar em consideração o patamar que estava antes, avaliar o salário que ganhava, quais suas competências para assumir o cargo e o que a empresa espera dele.
Na hora de procurar um emprego, Rosa, da ABRH, aconselha o candidato a estudar o negócio da empresa, pesquisar para saber onde estão os investimentos, novas tecnologias, planos de expansão, além dos concorrentes. “É importante chegar bem preparado no processo de seleção, isso pode ajudar a impressionar a empresa e aumenta o poder de negociação”, destaca o executivo.
Fonte: www.fsindical.org.br