quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CPTM não orientou sobre segurança, diz sobrevivente de acidente

Sobrevivente do acidente em que três pessoas morreram atropeladas por um trem entre as estações Brás e Tatuapé da linha 11-coral, na zona leste, na madrugada de anteontem, o engenheiro Cauê Arnaud Gruber, 29 anos, afirmou ontem que a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) deveria ter garantido a segurança do grupo.
Agora – O que aconteceu?
Cauê Arnaud Gruber - Estávamos testando um trem. A gente estava acompanhando o técnico da CPTM até a estação Engenheiro São Paulo. Eu estava caminhando, senti, não sei se uma vibração, olhei para trás e vi o farol do trem. Eu gritei para meus colegas saírem da via. Tentei puxar o rapaz que estava do meu lado pela mochila. Pulei da frente do trem, o trem bateu na minha mochila. Eu vi tudo, os corpos voando, o trem freando.
Agora – A que velocidade o trem estava?
Cauê - Com certeza estava a mais de 70 km/h, perto dos 90 km/h, que é o limite.
Agora -  O Trem apitou ?
Cauê - Não, se tivesse apitado as pessoas que estavam na minha minha frente teriam escutado e virado para trás. É um som muito alto.
Agora - Vocês sempre andam nos trilhos?
Cauê -  A gente trabalha normalmente no pátio de Presidente Altino. Lá a velocidade do trem é limitada a 10 km/h. A gente não imaginava que estava em um lugar onde o trem pudesse passar. 
Agora - Enquanto fazem testes a via é bloqueada?
Cauê - Sempre está bloqueada.
Agora - Qual foi o erro ?
Cauê - O erro foi deixar a gente onde deixaram, sem nos orientar para onde ir. Eles sabiam onde o trem foi guardado (eles foram levados por uma composição até parte do caminho), porque isso é comunicado via rádio. Eles sabiam onde a gente parou e deveriam ter dito onde deveríamos ir: se era para esperar o transporte ou se devíamos ter ido para algum sentido seguro.
Agora - A CPTM diz que é proibido andar na via ...
Cauê - Ninguém passou nada para gente, nunca tivemos um treinamento, nunca ví ninguém usando colete refletivo na CPTM. A gente estava fazendo nosso trabalho, sempre fazemos da forma mais segura possível. A CPTM tem que fazer o trabalho dela direito também. 
Resposta da CPTM 
A CPTM reiterou ontem as informações que havia divulgado anteontem e reafirmou que as vítimas descumpriram as normas de segurança da empresa.
A companhia informou que agora aguardará a investigação da Polícia Civil para se pronunciar novamente sobre o episódio de anteontem.
De acordo com a CPTM, a prática de andar sobre a via é proibida. A nota da companhia afirma ainda que somente funcionários que fazem serviços diretamente na linha têm permissão para transitar sobre as vias, desde que devidamente uniformizados e com a circulação de trens interrompida.
O delegado Valdir Rosa, titular da Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano), informou que ouviu os envolvidos, requisitou laudos do Instituto de Criminalística e que agora o caso ficará a cargo da Delegacia de Acidentes de Trabalho.
Comentário do sindicato:
O sindicato também está apurando, com auxílio de sua própria assessoria em acidente do trabalho, e irá pronunciar-se quando munido de maiores informações.