Ao menos nos grandes centros urbanos, o rodoviarismo esgotou-se como modelo de transporte. Ruas demais, avenidas demais, viadutos demais, túneis demais, estacionamentos demais, carros demais, caminhões demais, ônibus demais, motos demais, e trilhos e calçadas de menos. O preço disso são os congestionamentos, os acidentes e a poluição sonora e do ar.
- Ah, mas com energia limpa os carros, ônibus, caminhões e motos deixam de poluir.
Verdade. Essa migração resolve o problema da poluição do ar, mas continuam os problemas dos congestionamentos e dos acidentes.
Resolver os três problemas, de uma única vez, apenas com adoção do ferroviarismo, isto é, com transporte coletivo de pessoas sobre trilhos, por meio de trem metropolitano, metrô, monotrilho, aeromóvel e Vlt.
- Isso é muito radical.
Que seja, mas não há outra solução capaz de “resolver pela raiz”. Posições conciliatórias são políticas, ou seja, servem para minimizar conflito de interesses, mas não resolvem.
Vamos aos números, apenas na cidade de São Paulo: 893.613 motos, 723.048 utilitários, 5.136.237 automóveis, 42.437 ônibus e 157.974 caminhões.
Para atender a esses números somam-se as intermináveis obras de alargamento de ruas e avenidas, construção de viadutos e túneis, ampliação de estacionamentos, sem contar investimentos em sistemas de sinalização e a manutenção de inúmeros órgãos públicos e respectivos funcionários. Toda essa imensa estrutura para servir aos interesses privados, sendo boa parte destinada ao emprego individual, mas paga com o dinheiro coletivo, inclusive de quem não usufrui disso tudo.
Contra eles, algumas dezenas de trens metropolitanos e de trens de metrô, nenhum vlt, nenhum monotrilho, nenhum aeromóvel e nem mesmo um único bonde. O único que tinha, e inativo, foi doado pelo prefeito Kassab para a cidade de Santos.
Como, diante de um quadro tão desigual, imaginar que os trens da CPTM e do Metrô possam ficar de fora do pior tipo de congestionamento possível, isso é, do congestionamento de pessoas nas estações, nas plataformas e no interior dos trens?
A solução não passa apenas pela abertura de novas linhas, mas pela ampliação das existentes – em especial as da CPTM, pela facilidade de alargamento da via – para instalação de mais trilhos, sobre os quais possam circular mais trens. Afinal, mesmo reduzindo intervalos entre os trens, uma hora isso não mais será possível.
Ninguém pensa nisso?
Nós pensamos, pois absolutamente convencidos de que São Paulo TREM Jeito.
Éverson Paulo dos Santos Craveiro – vice-presidente do Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana