segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ferroviários e passageiros de segunda classe (artigo)

Campanha São Paulo TREM Jeito

O que pode explicar os metroviários apenas anunciarem a possibilidade de uma greve para serem atendidos em suas reivindicações, enquanto os ferroviários não merecem do mesmo patrão (governo do Estado de São Paulo) metade do que pleiteiam, nem mesmoefetivando uma greve? O impacto econômico dos reajustes? Não pode ser, pois os metroviários são mais numerosos e têm melhores salários do que os ferroviários.

Ferroviários e metroviários exercem, em essência, as mesmas atividades, desempenham as mesmas funções, e servem à população pelo preço de uma mesma tarifa. A malha metroviária tem 70,6 quilômetros de extensão e 62 estações, todas no município de São Paulo. A malha ferroviária metropolitana tem 260,8 km de extensão e 89 estações, distribuídas em 22 municípios, sendo muitas delas na cidade de São Paulo. Os ferroviários, portanto, não podem ser diminuídos se tomado por parâmetro extensão de linhas ou número de estações.

Não encontro outra explicação para esse tratamento diferenciado que não seja a diferenciação dos públicos do metrô e dos trens metropolitanos. Isso sempre foi claro, mas nunca imaginei que pudesse ser tão vergonhosamente explícito.

O governo SABE que, para os públicos da CPTM, os trens metropolitanos são verdadeiramente essenciais, isto é, o único meio de transporte para que possam ir e vir do trabalho e ganhar o sustento. Nessa medida, o governo faz dos ferroviários e de seus públicos reféns uns dos outros, nivelados por baixo, pela desqualificação dos salários e dos serviços.

- Para eles está bom.

Com essa convicção, quero fazer ver aos ferroviários que, independente dos resultados do TRT-SP no próximo dia 15, precisamos atuar em várias direções durante todos os demais dias do ano, tão logo a negociação em curso esteja encerrada.

Dentro da categoria, vamos formar comissões que estejam permanentemente avaliando nossas condições de trabalho, para que o sindicato possa atuar de forma ainda mais imediata junto à administração da CPTM e ao judiciário. Tolerância zero com práticas que não sejam condizentes com a valorização dos ferroviários.

Fora da categoria, vamos organizar e mobilizar nossos usuários para que conheçam e defendam seus direitos de consumidores, hoje restritos, na consciência deles, como o mero direito de fazer uso dos trens. Vamos ver se as vozes oportunistas que gritaram na defesa da garantia de ir e vir de nossos usuários estão disponíveis para gritar para que exerçam esse mesmo direito, mas com a correspondente qualidade, quantidade e segurança.

Nosso sindicato está preparado e tem estrutura para atender a essas e tantas outras frentes que se fizerem necessárias para a conquista do respeito dos ferroviários e dos usuários.

Éverson Paulo dos Santos Craveiro – vice-presidente do Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana.