sábado, 17 de dezembro de 2011

A maquinista da CPTM que evitou o pior (artigo)

Na manhã do dia 15 de Dezembro, graças à ação rápida de uma maquinista da CPTM, foi evitado um acidente que poderia ter tido grandes proporções.

Após entrar com um trem da série 5000 no Pátio de Barueri - para retornar em sentido contrário -, a maquinista executou todas as operações recomendadas, isto é, parou o trem, manteve as disjuntoras em permanência, retirou os manetes de comando e freio (quando, neste momento, o trem aplica automaticamente freio de segurança), recolocou-os no "painel ZUM" situado no armário atrás do banco do maquinista, e saiu da cabine fechando-a por fora, exatamente como recomendado.

No momento em que a maquinista se dirigia à outra cabine (no lado extremo) pelo lado externo do trem - caminhando pelas pedras ao lado da via -, percebeu que o trem estava se movimentando. Então, retornou rapidamente à cabine, esforçou-se para abrir a porta que havia fechado com chave (com o trem em movimento) e, por meio de ação rápida, acionou o freio de emergência e conseguiu evitar mais uma tragédia neste fim de ano.

Se a maquinista não conseguisse realizar rapidamente esta manobra, possivelmente o trem correria desgovernado para a Estação de Jandira, pois estacionado em trecho de descida entre as Estações de Barueri e Jandira.

Após os testes o trem foi recolhido à Oficina de Trens em Presidente Altino.

O Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana constatou, junto à equipe de manutenção, que havia uma falha no sistema de freio do trem, falha essa que ocasionou sua movimentação, a saber, vazamento em uma das válvulas do bloco de comando (PBA2S).

Vale lembrar que esta série de trem é da década de setenta e, em junho de 2010, sua manutenção (que era realizada pelas equipes da CPTM) passou a ser feita pela empresa CTRENS, subcontratada da Espanhola CAF. De lá para cá a confiabilidade nestes trens caiu consideravelmente, obrigando a CPTM a injetar trens de outras séries para satisfazer a demanda de passageiros na Linha 8 Diamante, que tem inicio na Estação Júlio Prestes e término na Estação de Itapevi, atravessando 6 municípios, e transportando diariamente cerca de 500 mil usuários.

Desde o inicio do processo de terceirização, o Sindicato opôs-se a essa prática, e por diversas vezes alertou a direção da empresa quanto aos possíveis riscos que esta decisão poderia trazer aos usuários, pois a CPTM dispunha em seu quadro de profissionais gabaritados para atender as peculiaridades que esta série de trens exige em relação a sua manutenção, mas foi ignorado.

Restou ao sindicato ajuizar ação civil pública contra a CPTM, e subsidiar o Ministério Público com informações visando o cancelamento do contrato. Até o momento não há manifestação do Ministério Público.

Na política atual da direção da CPTM de primeiro incriminar, para depois apurar, não há dúvida de sobre quem iria recair a culpa desse eventual terrível acidente – a maquinista.  Não causaria espanto se aparecesse alguém afirmando – “tinha que ser mulher”.

Alessandro Viana