Esta dura semana a qual tivemos eventos tão traumáticos na ferrovia me veio uma cena do filme “Tempos Modernos”, de Chaplin.
Tempos Modernos, é um filme de 1936 do cineasta britânico Charles Chaplin, em que o seu famoso personagem "O Vagabundo” tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado. A trama é considerada uma forte crítica ao capitalismo, militarismo, liberalismo, conservadorismo, stalinismo, fascismo, nazismo e imperialismo, bem como uma crítica aos maus tratos que os empregados passaram a receber depois da Revolução Industrial.
Na mesma época, mais precisamente em 06 de Maio de 1936, o Ditador Mussolini da sacada do Palácio de Veneza dirigiu a palavra ao povo, anunciando o fim da guerra “a paz foi restabelecida e a Etiópia é Italiana”, no mesmo dia estampada na primeira pagina do jornal O Estado de S. Paulo.
Caro amigo e leitor talvez questione que, de lá pra cá muita coisa mudou, até enumere uma série de mudanças significativas, como por exemplo: modos de produção, comportamento social, expectativa de vida, etc.
Eu concordo em partes, pois, tanto aqui na ferrovia como na iniciativa privada é comum ver casos onde há abusos nas relações trabalhistas, seja por trabalho escravo na ALL ou no nosso caso com o número exorbitante de reclamações trabalhistas e condições precárias de trabalho. Um exemplo clássico foi o do ex-presidente da companhia, hoje no metro, que foi ate o complexo da lapa para mandar reformar áreas de convívio e banheiros.
A Companhia investe em equipamentos modernos, diminui o headway (intervalo entre trens) e põe para funcionar tudo como foi planejado segundo suas metas, mas não investem com mesma gana nos impactos causados aos seus recursos humanos, os trabalhadores, que têm que dar suporte para toda esta parafernália funcionar simplesmente ignora-os e acha que um simples colete refletivo vai impedir que as três leis básicas de movimentos apresentadas pelo SIR ISAAC NEWTON em 1687, não vai causar danos em ninguém.
Estamos morrendo pela ignorância a fatos históricos, as artes e a vida.
Uma canção de Chico Buarque e Gil tem tudo a ver com que sinto a respeito das atividades perigosas nas linhas férreas e o modo como são executados os trabalhos, seu nome é CÁLICE.
Pai! Afasta de mim esse cálice. De vinho tinto de sangue.
Como beber dessa realidade amarga?
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da PUTA
PUTA realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta.
Este é um mantra para todos que adentram às linhas é uma prece em solidariedade às perdas . Adentrar à via nunca mais será uma questão meramente profissional, é a nossa Faixa de Gaza com Generais de sobre aviso com seus BlackBerry sujos de sangue.
Luís Carlos de Moraes (Neto)
Dirigente Sindical