A 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente, o Meio Ambiente do Trabalho e as Relações do Trabalho, ligada ao Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) foi extinta por um decreto do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no dia 29 de novembro, dois dias depois do acidente da Companhia Paulista de Trans Metropolitanos (CPTM) que matou três trabalhadores da empresa.
O órgão, que investigava as causas do acidente, passou a se chamar Divisão de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente. O fato veio à tona a partir da denúncia feita pelo Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana, que acompanha as investigações.
Questionada sobre o porquê de sua extinção, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que a decisão “foi baseada na otimização dos recursos humanos e materiais”. Vale registrar, ainda, que a SSP divulgou uma informação errada sobre a data da publicação no Diário Oficial, afirmando que sua extinção teria sido no dia 28 de novembro, uma segunda-feira. O mesmo decreto cria o Grupo de Operações Especiais (GOE) no Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania.
“Para nós eles não disseram nada. Não temos a posição oficial do lado deles sobre a extinção da delegacia. Ficamos sabendo por um veículo de imprensa, que tentou contato com a delegacia para apurar e tomou conhecimento. Atuo há mais de 20 anos no sindicato e nunca vi algo assim. É no mínimo estranha essa coincidência. Ainda estamos atrás do delegado que estava responsável pelas investigações para entender o que houve”, afirmou Everson Craveiro, presidente do Sinferp.
O atropelamento de quatro funcionários da CPTM, que resultou na morte de três deles, foi registrado na Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom) e encaminhado à 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente, o Meio Ambiente do Trabalho e as Relações do Trabalho, do DPPC. Segundo o titular da Delpom, Valdir de Oliveira Rosa, com a extinção, o inquérito policial seguiu para o Fórum e deverá retornar para a Delegacia de Polícia do Metropolitano.
Everson Craveiro contou que o sindicato esteve na 3ª Delegacia Seccional no setor de investigações gerais de Osasco, em São Paulo, procurando informações sobre o delegado Archimedes Cassão Veras Junior, até então responsável pelo inquérito que vitimou os três trabalhadores do primeiro acidente, onde foi dito que não seria possível encontrar o delegado, pois não sabiam para onde ele teria sido transferido, já que sua seção (Investigação de Infrações do Ambiente de Trabalho) havia sido extinta. Posterior a isso, Craveiro disse que descobriram que Archimedes Veras Junior teria saído de férias. A SSP não confirmou a informação.
Craveiro alerta sobre a precariedade na condução da investigação que, segundo ele, deveria estar aos cuidados de uma delegacia especializada, e não da Delegacia de Polícia do Metropolitano, localizada na Estação Palmeira-Barra Funda.
"Fico indignado com a falta de gestão específica do sistema de segurança. Há procedimentos de segurança, mas são duvidosos. Falta treinamento e pessoal. Eles investem na compra de trens, mas também é preciso mais treinamento", concluiu o presidente do sindicato.
Outro fato que Craveiro estranha é a falta de repercussão na grande mídia sobre a extinção da delegacia. "Eles (grande mídia) têm as informações. Não sei porquê estão segurando", questionou o dirigente sindical.
A CPTM abriu sindicância interna, logo após o acidente, e tem 30 dias para apresentar a conclusão, que pode resultar numa revisão dos procedimentos de segurança.
No madrugada de domingo (27), os funcionários trabalhavam quando foram mortos atropelados por um trem de passageiros, entre as estações Brás e Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. Segundo a companhia, as vítimas estavam transitando nos trilhos da Linha 11-Coral, sentido Luz, quando foram atingidas pela composição. Depois de testar um novo trem, os quatro caminhavam sobre a linha, o que seria proibido. A companhia diz que eles estavam sem os equipamentos de proteção, entre eles, o colete refletivo.
Outro acidente
Cinco dias depois, dois trabalhadores também morreram atropelados, em Barueri, na Grande São Paulo, quando realizavam inspeções nos trilhos. Edgar Antônio Dalbo, de 55 anos, e Antônio Camilo Severino, de 63 anos, foram pegos de surpresa por uma composição que seguia no sentido contrário da linha.
“Eles (trabalhadores) saíram com uma ordem de serviço autorizando a ida deles até o local, para verificar o boleto da linha férrea, que é a parte superior do trilho, onde as rodas do trem ficam apoiadas. Para fazer isso, muitas vezes é necessário ficar no trilho, ou bem próximo a ele”, explicou o dirigente sindical Evangelo Lucas, conhecido como Grego, que esteve no local onde, na manhã de hoje (2), Edgar Antônio Dalbo, de 55 anos, e Antônio Camilo Severino, 63, faziam uma inspeção de rotina em uma linha de trem quando foram atingidos por uma composição de passageiros que estava vazia.
No entanto, a CPTM afirmou, em nota, que eles estavam autorizados a realizar inspeções ao longo da faixa ferroviária, mas não deveriam acessar os trilhos. Com relação a esse outro acidente, o titular da Delegacia de Barueri, Francisco Missaci, relatou que o caso foi registrado na delegacia e o inquérito policial foi instaurado e prossegue na própria Delegacia de Barueri.
Fonte: Portal Vermelho - Revista Caros Amigos On Line
Fonte: Portal Vermelho - Revista Caros Amigos On Line